O primeiro turno presidencial de 2022 deixou alguns pontos para discussão. Um deles é a pesquisa eleitoral.
Analistas políticos se assustaram ao ver entre Lula e Bolsonaro uma menor diferença que o esperado.
O “esperado” neste caso foi bancado por uma série de pesquisas eleitorais que traziam larga vantagem a Lula. Seria possível ainda ganhar no primeiro turno.
E de fato quase foi.
Lula esteve a menos de 2% dos votos de levar a disputa sem necessidade de recall. Teve sua maior votação em um primeiro turno.
Mas voltemos ao nosso objeto de análise: as pesquisas.
O que poderia fazer uma pesquisa errar? Metodologia, é claro, é a base para entendermos os resultados. Mas como não sou estatístico, não me atrevo a entrar no mérito.
Por credibilidade, confiança, elegemos os institutos que costumam cravar bons resultados. E de fato eles acertam. Peguemos as últimas eleições como exemplo.
Elencamos uma porção de institutos com metodologia crível. E eles aparecem em jornais, são discutidos nas ruas. E estes capturaram um eleitorado cinco pontos menor que o registrado pelas urnas para Bolsonaro.
Mas por quê erraram?
Uso o itálico porque os institutos não me parecem ter errado. Explico:
Pesquisas de opinião, ou de intenção de voto, capturam dados. Estes, quando agregados, revelam quadros.
Os cenários pintam e representam a intenção em um momento. Repare no peso de subjetividade dessa afirmação.
Entrevistados não juram dizer a verdade e somente a verdade aos pesquisadores. Também mudam suas decisões com a eclosão de novos fatos.
Bolsonaro ganhou votos. Tebet e Ciro, derrotados, perderam votos diante dos números de pesquisas. Todas as pesquisam registraram alguma fatia de indecisos.
Será que diminuição dos perdedores não tem correlação com o aumento de votos do segundo colocado? Qual percentual dos nebulosos indecisos se decidiu aos 45 do segundo tempo?
Pesquisas lidam com pessoas, não com máquinas. A exatidão desta ciência pára na metodologia.
E pessoas não costumam se decidir por lógica pura. Afeto paga grande tributo nesta hora.
É sempre melhor entender um resultado de intenção de votos como uma fotografia de um momento. Com traços impressionistas, inclusive.