O que é a política que viraliza?

O noticiário brasileiro registra a ascensão de uma nova figura carismática na centro-esquerda. O ministro da Justiça Flávio Dino (PSD-MA) viralizou nas redes por sua retórica eficaz contra investidas bolsonaristas.

Se mostrou hábil em responder a debates pouco ortodoxos em comissões das casas parlamentares. Dino encarou debates contra os senadores e ex-lava-jatistas Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, por exemplo, e produziu ótimos cortes para alimentar o algoritmo.

É interessante perceber como o Congresso Nacional se tornou palco de muitos dos memes que vemos na internet. Eles vão desde cortes curtos, com situações cômicas simples, até discursos dos mais amplos espectros políticos.

Deputados utilizaram o púlpito da casa para insultar pessoas trans, homenagearam torturadores em votos decisivos para história do país e ali, diariamente, alimentam suas bases com mais sectarismo e ódio. Não enxergam aquele local como um espaço de discussão do contraditório, mas como um coliseu narrativo. Um local que procuram novas brigas, que gerarão muito barulho e análises em diversas lives por aí.

Na ponta dos que vivem da mídia, sob a lógica do quanto mais views, melhor, o contexto é ótimo. Se o discurso envolver platitudes do campo antagônico ao seu, melhor ainda. Discussões que evitem polêmicas não engajam, é bom lembrar.

Não custa alertar, no entanto, que discussões políticas baseadas em discursos simplistas tendem a escalar o radicalismo. Exatamente por induzir uma parte da sociedade a lógicas furadas, baseadas em ódio ao outro.

Voltando ao ministro: é bom que o governo encontre meios de expressão que sejam populares e contenham o avanço do adversário autoritário. Mas não esqueçamos que também é essencial instituir decoro na política novamente.

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