As tensões entre o empresário Elon Musk e ministro do STF Alexandre de Moraes ganharam nova escalada após o X, antigo Twitter, ter oficializado a saída de sua operação do Brasil. Uma espécie de resposta ao posicionamento rígido que parte do judiciário brasileiro vem tendo quanto ao funcionamento das redes sociais em solo nacional.
Moraes é parte dos debates sobre redes sociais e desinformação desde 2019, quando se tornou relator do inquérito 4781, popularmente conhecido como inquérito das fake news. Há, inclusive, uma certa visão de que o crescimento de importância desta investigação também inflara o poder do ministro com o passar do tempo.
Já Musk parece usar o aparato de mídia do X, e também de suas outras empresas, para também se posicionar a favor de desregulamentações e proteções para seus mercados. Ele não busca se aliar somente a figuras da ideologicamente de extrema-direita, mas sobretudo àqueles que defenderão seus interesses econômicos.
Donald Trump na presidência dos EUA, por exemplo, significa ao bilionário sul-africano uma certeza de redes sociais desregulamentadas e alto protecionismo nos mercados de tecnologia e automobilísticos. Uma espécie de liberalismo para os outros, segurança para os meus.
Musk não está aí para a liberdade dos países nos quais o X tem escritórios. Ele busca governos que desejam ser parceiros de seus empreendimentos. Se o Brasil busca independência e soberania no debate das redes sociais, é melhor retirar nossos postos avançados de lá.
Eventos como este ressaltam a crescente noção de desglobalização. É cada vez mais notável que governos e blocos regionais estão engrossando a voz com os modos de agir das gigantes multinacionais da tecnologia. A ideia de que a internet traria um mundo sem fronteiras está demonstrando ter limites pragmáticos, econômicos e políticos.