O que é, no fim das contas, rock and roll?

O Rock In Rio está próximo de comemorar seu quadragésimo aniversário, contabilizando mais de vinte edições, realizadas em três continentes diferentes do planeta. É sem dúvidas um evento marcante para milhares de pessoas, que de alguma forma viveram experiências musicais impactantes no festival.

Isto é um fato sobretudo para o público das primeiras edições. O Rock In Rio, assim como alguns outros eventos, como o Hollywood Rock ou o Free Jazz Festival, inseriram o Brasil no mercado de entretenimento internacional. Portanto, formaram as primeiras gerações de públicos acostumados a frequentar grandes eventos, com atrações internacionais, em casa.

Hoje, a marca de Roberto Medina convive com uma crítica popular: o festival teria deixado de ser rock and roll. A cada anúncio de novas atrações do mundo pop, ouvem-se os ecos deste pensamento pelas redes sociais.

Os críticos de lineups das últimas edições do Rock In Rio se esquecem de olhar para a história do festival. Desde sua primeira edição, em 1985, já havia traços de pluralidade no repertório: Al Jareau, Alçeu Valença, Elba Ramalho, George Benson e Gilberto Gil não eram nomes rockeiros, por assim dizer.

A própria concepção da ideia de festivais, como foram pensados ainda na década de 1960 nos EUA e na Europa, não segmentava os eventos por gênero. Eventos marcantes como o Woodstock o e festival da ilha de Wight receberam músicos de diferentes partes do mundo, com influências distintas.

O Rock In Rio, neste cenário, já é uma festa profundamente mais mercadológica. Toda a sua estrutura é parte de um mercado musical profissionalizado, baseado em contratos, grandes logísticas, comandadas por empresas multinacionais do show business. Seu nome fantasia alude ao rock, assim como grande parte das atrações fazem um som que se encaixa neste gênero, esteticamente. Mas a atitude não é nem nunca foi a mesma daqueles que pensaram os festivais dos anos 1960.

Portanto, parece que a crítica não se sustenta. Nem quando se analisa o histórico do evento, ou mesmo ao pensarmos mais a fundo no que significa de fato o conceito de um festival de rock. Esta forma de pensamento parece dizer mais sobre a idealização de um passado por parte de quem a fala que, de fato, uma visão musical.

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