Intriga da oposição?

O ministro da Fazenda Fernando Haddad se tornou alvo de memes em redes sociais nos últimos dias. Fazem alusão aos aumentos de impostos para importações, que afetam sobretudo o comércio online em lojas chinesas, muito populares entre os brasileiros na atualidade.

Setores da esquerda por sua vez apontaram a extrema-direita nacional como orquestradora principal dessa campanha. Teria, portanto, organizado a produção e dispersão do conteúdo por meio de seus exércitos digitais em mensageiros e nas redes.

De fato é, sim, possível que a extrema-direita tenha influência na pauta. O poder da indústria de comunicação montada por quadros deste setor, em muitos casos financiados por grandes empresários, já foi provado na prática desde 2018.

No entanto, não há (ainda) nenhuma métrica que comprove um movimento devidamente orquestrado por perfis-chave do bolsonarismo nesta pauta. O que as matérias trazem é uma explicação simplória, que justifica a acusação no histórico de disseminação de notícias falsas e memes por parte deste setor político.

O meme enquanto meio de expressão é um forte termômetro da opinião pública. As escolhas visuais e argumentativas geram um resultado estético e crítico que se fixa na mensagem. E este humor pode ser a forma de mostrar a todos que o rei está nu.

Tentar colocar a culpa central na intriga da oposição só ajuda a deslegitimar as reais e sólidas denúncias contra a produção sistemática de notícias falsas em disputas políticas. Há diversos observatórios da sociedade civil e nas universidades brasileiras mapeando o comportamento destes grupos quase em tempo real.

Se houver comprovação, a análise passa a ter solidez. Hoje parece uma justificativa rasa, com pouca sustentação em fatos, para um movimento crítico a medidas impopulares do governo na área econômica.

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