Procura-se candidato

O partido Democrata dos Estados Unidos tem pouco mais de 100 dias para construir um presidenciável para a eleição nacional. Após o anúncio da desistência de Joe Biden da corrida eleitoral, o vácuo político se fez no grupo.

O presidente fez questão de deixar clara sua predileção e apoio a Kamala Harris, sua atual vice-presidente e mais popular nome até o momento entre quadros políticos. Desde domingo, o rosto da ex-procuradora-geral da Califórnia está nas páginas de todos os portais de notícia, nas capas de jornais e nos programas de política.

O motivo mais evidente é seu nome ser forte contra o republicando Donald Trump. O recorde de US$80 milhões em doações nas primeiras 24 horas de pré-candidatura da democrata precificaram a empolgação do mercado no caso. Kamala também aparece em empate técnico em pesquisa Reuters divulgada nesta segunda-feira (23). Ela registra hoje 44% das intenções de voto do público entrevistado contra 42% de seu adversário.

A viabilidade do nome da candidata também foi encabeçada pela mídia. Os principais jornais do país deram destaque ao nome de Kamala Harris em suas publicações. O NY Times destaca em seu editorial que seu nome já foi parcialmente testado nas urnas norte-americanas:

“Escolher a Sra. Harris seria um caminho razoável a ser seguido pelos democratas; ela foi companheira de chapa de Biden e, embora nenhum voto tenha sido dado a ela como candidata presidencial nas primárias, os eleitores do presidente esperavam que ela estivesse na chapa em novembro.”

NY Times em editorial

O cenário só não é mais sólido para a atual vice-presidente norte-americana porque certos quadros do partido ainda não ratificaram apoio a nenhum nome específico. O ex-presidente Barack Obama é o maior exemplo: ele demonstrou otimismo quanto ao potencial de seu partido em escolher em candidato, mas evitou influenciar a disputa intrapartidária, como fez em 2020 com Joe Biden.

O cenário não é sólido, mas aponta fortemente para a indicação de Harris. Os resultados de pesquisa, as doações recorde e o posicionamento de mídia e quadros partidários mostram esta tendência. Quem quer que seja escolhido terá o desafio de se tornar uma figura presidenciável em pouco mais de três meses. Terá de formular posições sobre inúmeros conflitos mundo afora, sobre os problemas internos da sociedade norte-americana e, sobretudo, a como lidar com a estabelecida extrema-direita trumpista.

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