Caminhos progressistas

Os acontecimentos das últimas semanas deste politicamente movimentado fim de ano brasileiro têm potencial de moldar os caminhos do país. De um lado, acompanhamos a divulgação de novos detalhes do plano de golpe de estado gestado dentro do gabinete do presidente da república em 2022. Do outro, vemos o avanço de pautas progressistas em sequência, com o crescimento do debate acerca de mudanças na escala de trabalho, e o presidente Lula levando o combate a fome e a pobreza para o centro do G20, ocorrido na última semana no Rio de Janeiro.

Coincidência ou não, as ações da polícia federal e o encontro das principais economias do mundo ocorreu nos mesmos dias. O assunto virou pauta entre a imprensa internacional, evidentemente. Quase dois anos após planejarem abolir o estado e assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Morais, surge um cenário de enfraquecimento da ala bolsonarista da extrema-direita. Perderam as disputas eleitorais nas principais capitais do país; veem agora a chance de anistia aos golpistas do oito de janeiro se desfazer no ar; e correm grande risco de ver sua principal figura, que batiza o movimento, indo para a cadeia.

Cabe ressaltar que um enfraquecimento bolsonarista não significa a perda de força da extrema-direita nacional. Pelo contrário, as mesmas eleições citadas antes registraram importantes vitórias de candidatos extremistas, tanto no executivo quanto em legislativos pelo Brasil inteiro. O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas segue com força, enquanto as estatísticas de violência de sua polícia militar registram recordes atrás de recordes. Por fim, também começa a surgir uma retórica ainda mais violenta entre os seguidores do capitão: de que o plano era justo, assim como as mortes. Portanto, deveria ter sido executado, sim.

Aparte feito, retornemos ao G20. A cúpula não foi marcada somente pela repercussão da investigação contra os golpistas brasileiros. O presidente Lula abriu a Cúpula deste ano lançando a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Uma iniciativa lançada por 147 países fundadores, que acabou se tornando pauta de destaque durante os dias do evento. A guerra entre Ucrânia e Rússia acabou perdendo a relevância que se projetava em antecipado. Talvez o pessimismo pós-eleição de Donald Trump nos EUA, que promete retirar o financiamento norte-americano do conflito, tenha influenciado o cenário.

Calhou do Brasil viver alguns momentos-chave deste ano nestas últimas três semanas do mês de novembro. Há chances sólidas de vermos nomes do alto escalão das forças armadas sendo punidos por tentativas de abolição do estado de direito. A esquerda está conseguindo pautar discussões trabalhistas em todo o país. Ainda Estou Aqui já passou dos 1,7 milhões de espectadores nos cinemas. A história não acaba.

Compartilhe: