Sobre falsas simetrias

Leio coluna da jornalista Lygia Maria na Folha de S. Paulo, nesta importante segunda-feira (31).

Argumenta e critica a polarização que instaurou no Brasil. Lamenta a despediçada opotunidade de ultrapassar “abstrações entre comunismo e fascismo”.

E liga a disputa a ideia de que “tudo é política”. O excesso de debate político em todos os âmbitos da sociedade seriam responsáveis pelo buraco que nos metemos.

Me parece que o problema aí não é o debate político prolongado, mas a falta de consciência democrática.

Política não somente administração pública. A mediação de forças, poderes, entre atores, dentro de uma sociedade, é uma relação política.

Uma estrela do futebol que entende seu privilégio e se põe a criticar a falta de investimento em divisões inferiores do campeonato nacional não é um chato. É alguém que entende a inserção do trabalho e de sua vida no mundo.

Convém também não equivaler “abstrações de fascismo e comunismo”. Fascistas possuem método, estética, tática e estratégias. Vimos elas em cena desde 2018.

Nem Lula nem o PT são comunistas. Nunca foram. Não há nenhum traço de revolucionarismo em seus anos no poder.

Aceitar esse argumento é, sobretudo, endossar a retórica da extrema-direita. É fazer o jogo do algoz.

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