O governo Lula vê surgir um impasse entre forças pela exploração de petróleo no norte do país. A disputa pela liberação de campos de extração do óleo envolvem Petrobras e o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
O veto do licenciamento, de fato respaldado em aspectos técnicos, gerou grande discussão no campo político. Há a tese que decisões como esta freiam o avanço social do país. Outro campo defende a priorização do meio ambiente, e escalou o debate para a necessidade de evitarmos a produção de combustíveis fosseis.
As redes sociais são ponto central para que o debate se polarize, evidentemente. O consumo sobretudo de influenciadores que mobilizam suas defesas com grande afeto e, às vezes, pouca lógica – é fundamental para que dicotomias como estas surjam.
Devíamos, no entanto, nos atentar para a importância do momento. O Brasil tenta se recuperar de anos devastadores para os biomas nacionais. Um governo de frente ampla, formado para derrotar o fascismo, possui suas contradições e vontades políticas antagônicas.
E sobretudo alas diferentes do progressismo se posicionam diante do debate que envolve o desenvolvimento nacional e a sustentabilidade.
Não cabe aqui uma explicação extensa de cada pensamento. Mas uma análise sobre a importância do momento: o vencedor desta queda de braço terá grande capital político sobre o governo.
Levando em conta a conjuntura, há vantagem para um pensamento mais verde. O atual projeto está enterrado e a ministra demonstra que não dará margem para negociações em decisões técnicas.
De toda a energia elétrica consumida no Brasil, metade vem de fontes renováveis. Há três décadas que estamos no centro do debate internacional sobre sustentabilidade. A ecologia nacional é um dos grandes ativos do país, não há dúvidas.
Qual é a margem que temos, portanto, para negociar nossa parcela de uso dos combustíveis fósseis para nosso desenvolvimento? Esta é uma das grandes perguntas que todo o sul global se faz.
Principalmente quando a Europa, com seus três séculos de degradação industrial, queima carvão para produzir considerável fatia de sua energia elétrica.
O Atlântico Norte não deve diminuir seu ritmo de consumo sem enfrentamento institucional. É necessário que se estabeleça isonomia na exploração do bem que todos compartilhamos: o planeta. E que de fato a exploração seja sustentável e controlada, dentro dos limites viáveis.
Me parece que a solução está na síntese deste debate. Soluções públicas rígidas para geração de energia, que estejam dentro da margem de segurança, e também a busca dos interesses nacionais, como o desenvolvimento social e econômico, num plano internacional.
Não é interessante que tenhamos visões totalitárias e fechadas. Trata-se de um projeto de país que está sendo discutido.