Rua dos ipês cor-de-rosa

Há pessoas que costumam viver suas vidas como quem anda apressado para um compromisso: alheio aos detalhes.

E não que exista algo de errado nisso. O mundo em que vivemos não permitiria a vida de alguém que fosse genuinamente atento aos detalhes da vida. Não sem que lhe custe a sanidade.

Pois bem. E acontece, às vezes, com as pessoas que vivem alheias aos detalhes, que cruzem com uma rua de ipês rosados.

De súbito, aquele piloto automático da existência não possui mais lugar. A refração de tudo em tons quentes de rosa pede que as pessoas parem por um segundo.

É essencial que elas parem, e olhem, e respirem fundo, olhando para aquele corredor colorido que se apresenta, em um cotidiano movimentado, como um pequeno presente de Deus, uma epifania.

E depois, essas pessoas seguirão seus caminhos, rumo a quem sabe quais compromissos. A rotina cobra disciplina e a rua dos ipês cor-de-rosa vai se tornando, aos poucos, memória.

E o que aconteceria no entanto se gravássemos o caminho de volta? O que seria feito se morássemos ali? O que o mundo, e o compromisso, e a rotina fariam se escolhêssemos sempre pela poesia?

A história de cada um é feita de detalhes.

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